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sexta-feira, 30 de julho de 2010

qué linda hija que tengo yo ...




Qué linda manita que tengo yo,

qué linda y blanquita que Dios me dio

Qué lindos ojitos que tengo yo,

qué lindos y negritos que Dios me dio

Qué linda boquita que tengo yo,

qué linda y rojita que Dios me dio

Qué lindas patitas que tengo yo,

qué lindas y gorditas que Dios me dio

sábado, 3 de abril de 2010

Meu coração. (adaptação da crônica de Caio Fernando Abreu)


Na terra do coração passei o dia pensando - coração meu, meu coração. Pensei e pensei tanto que deixou de significar uma forma, um órgão, uma coisa. Ficou só com-cor, ação - repetido, invertido - ação, cor - sem sentido - couro, ação e não. Quis vê-lo, escapava. Batia e rebatia, escondido no peito. Então fechei os olhos, viajei. E como quem gira um caleidoscópio, vi:

Meu coração é uma princesa meio perdida e cansada, beija sapos pela floresta inteira à espera do beijo prometido capaz de transformar algum em príncipe.

Meu coração é um álbum de retratos tão cheios de rostos e acontecimentos que nem fecha direito. Cada página tem um perfume, uma cor, uma melodia, com sentimentos múltiplos em poses para o fotógrafo invisível. Este sempre aparecia com uma bebida ou cigarro na mão. Aquela tinha um jeito peculiar de eternizar o nosso mundinho na fotografia. Eu viro as folhas, algumas se desprendem do álbum, mas nada como um remendo pra resolver o problema.

Meu coração é um mendigo mais faminto da rua mais cheia de conhecimentos.

Meu coração é um ideograma do antigo egito desenhado por um membro nobre da realeza, com traçado forte e impecavel, na parede de um templo antigo. Olhando assim, de cima, pode ser uma descrição de força e alegria, uma mulher. Mas tão gasto que talvez tenha mais elementos que só aparecem a quem observa atentamente, talvez seja uma descrição de busca de coragem e otimismo, mas concerteza é uma mulher. Ou qualquer um, ou qualquer outro: indecifrável.

Meu coração não tem forma, apenas som. Um vinil perdido no meio de vários outros empoeirados com um preço barato (será na sessão de trilhas sonoras ou mpb?) em que o piano se mistura com as batidas oitentistas e as guitarras e cores de cada dia de woodstock. No fundo dá pra ouvir a voz de Marisa Monte falando de amores desertos, devaneios sem fim, desejo e amparo, gravado pelos Los Hermanos.

Meu coração é um bordel juvenil com uma jukebox, em cujos quartos encontram-se amantes entorpecidos de cerveja e conhaque, em busca do verdadeiro prazer e sentimento. Cheios de cafetões sensuais, um centauro gay, deusas lésbicas, universitários faltando a última aula.

Meu coração é um traço fino de tatuagem. No braço esquerdo, quase no ombro, desenho old school, igual dos marinheiros de antigamente, vermelho, com uma flecha e uma faixa em branco no centro e que provavelmente nunca vai ter algo gravado dentro. Definitivo.

Meu coração é um entardecer de verão, numa cidadezinha à beira-mar. Uma ilha no horizonte, não tão longe, saiu a primeira estrela. Há moças e rapazes na praça, hippies vendendo seus artesanatos, e as histórias de tantas estações passadas vividas naquele mesmo lugar pelo meu pai. A lua cheia brotou do mar. Os apaixonados suspiram. E se apaixonam ainda mais. De noite vai à praia sozinha abrir os braços devagar e se entregar ao vento.

Meu coração é um anjo de pedra em um túmulo abandonado.

Meu coração é um bar de uma única mesa, debruçada sobre a qual uma única bêbada bebe uma única dose de tequila com limão e sal, contemplada por um único garçom. Ao fundo, Amy Winehouse geme versos arranhados. Rouca, louca.

Meu coração é um sorvete colorido de todas as cores, é saboroso de todos os sabores. Quem dele provar, terá fabulosos destinos.

Meu coração é uma sala inglesa com paredes cobertas de estantes com livros, os cantinhos que ainda aparecem tem papel de parede de florzinhas miúdas. Lareira acesa, poltronas fundas, quadros de filmes antigos de Marilyn Monroe, James Dean, Audrey Hepburn. Sobre a renda branca da toalha de mesa, o chá quente e melado repousa em uma chícara grande. No livro aberto ao lado, alguém sublinhou um verso de Eleanor H. Porter: "Nunca esqueça de jogar o jogo do contente". Não há ninguém nessa sala de janelas fechadas.

Meu coração é um filme francês daqueles que ficam em cartaz só por uma semana. Muitos na platéia não entendem, mas outros encontram a graça nos clichês reinventados.

Meu coração é um oásis no meio de um deserto nuclear varrido, cheio de quartos lindos.

Meu coração é um cálice de cristal puríssimo transbordante de licor com damascos e caroços de pêras, com um toque de amêndoas. Italiano, com primeira produção em 1525. Pode-se ter visões, anunciações, pressentimentos, ver rostos e paisagens dançando nessa chama azul de ouro, ainda mais se for misturado com limão e gelo junto.

Meu coração é o laboratório de um cientista louco varrido, criando sem parar teorias pra explicar tudo que acontece ao seu redor, para entender pessoas, mas que no fim não adianta nada.

Meu coração é o botão de uma flor que logo vai se abrir. Dentro dela estará sentada uma menininha pequena, graciosa e delicada como uma fada.

Meu coração é uma velha carpideira espanhola, coberta de preto, que só canta um fado lento e lamenta seus pesares quando tem certeza que não tem ninguém por perto!

Meu coração é um poço de chocolate, no centro de um jardim encantado, alimentando beija-flores que, depois de prová-lo, transformam-se magicamente em diversos animais diferentes, todos alados que voam todos juntos para longe, em direção à estrela. Me levam junto, me amam.

A sorte no realejo, cascata de champagne, uma piteira à la bonequinha de luxo, batom vermelho, all star de sola furada, verso de Mário Donato, conchinhas do mar, maçãs, imãs de geladeiras, agendas cheias de segredos, uivos pra lua, ruína, birra, drama, simulacro, cigarros. Acesa, aceso - vasto, vivo: meu coração teu? Meu.

Ana Paula Coelho.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Uma Colombina ou um Pierrot?



Não, eu não sei com quem termina a Colombina.
Por enquanto a Colombina segue sozinha.
Mas nunca se sabe...
Um dia após o outro.
E um dia será novamente carnaval...



O pierrot apaixonado chora pelo amor da colombina

E a sua sina chorar a ilusão em vão, em vão

E a colombina só quer um amor
Que não encontra num braço qualquer
Essa menina não quer mais saber de mal-me-quer
Só do pierrot, pierrot...

O pierrot apaixonado chora pelo amor da colombina
E na esquina se mata a beber pra esquecer, pra esquecer

E o pierrot só queria amar
E dar um basta a esta dor já sem fim
Mas colombina trocou seu amor por arlequim
E o pierrot, chora!

Mas há a vida...de Clarice Lispector

Mas há a vida
que é para ser
intensamente vivida, há o amor.

Que tem que ser vivido
até a última gota.
Sem nenhum medo.
Não mata.

Não sei... de Cora Coralina

Não sei... se a vida é curta...

Não sei...
Não sei...

se a vida é curta
ou longa demais para nós.

Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo:
é o que dá sentido à vida.

É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura...
enquanto durar.

fênix.


Eu!
Prisioneiro meu
Descobri no brêu
Uma constelação...

Céus!
Conheci os céus
Pelos olhos seus
Véu de contemplação...

Deus!
Condenado eu fui
A forjar o amor
No aço do rancor
E a transpor as leis
Mesquinhas dos mortais...

Vou!
Entre a redenção
E o esplendor
De por você viver...

Sim!
Quis sair de mim
Esquecer quem sou
E respirar por ti
E assim transpor as leis
Mesquinhas dos mortais...

Agoniza virgem Fênix
O amor!
Entre cinzas arco-íris
Esplendor!
Por viver às juras
De satisfazer o ego mortal...

Coisa pequenina
Centelha divina
Renasceu das cinzas
Onde foi ruína
Pássaro ferido
Hoje é paraíso...

Luz da minha vida
Pedra de alquimia
Tudo o que eu queria
Renascer das cinzas...


Quando o frio vem
Nos aquecer o coração
Quando a noite faz nascer
A luz da escuridão
E a dor revela a mais
Esplêndida emoção...

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Poesia de porta de banheiro...


"Esqueço meu trote
contado no vento
correndo a galope
domando meu tempo
a procura de mim!"


texto escrito na porta do banheiro feminino do bar "Brasileirinho", Largo da Ordem, Curitiba.